CONTOS
MÍNIMAS DÍZIMAS
J. B. de Souza Freitas
ISBN: 9786586270563
2021 | 358 p.
SINOPSE: Fragmentos independentes compõem um painel que a passagem do tempo e a recorrente intervenção de ocasionais personagens interligam. À moda de um realismo caçâmbico ou reciclado, Mínimas Dízimas assim opera tanto na recolha e processamento do material quanto na apropriação pela narrativa de expressões fixadas nas falas. De inspiração benjaminiana, paga necessário pedágio ao regionalismo e ao paulistanês e carrega pequeno toque borgiano: seu título foi sugerido por um sonho. Bel pasticciaccio, eh?
EROSTISMO FRUSTRADO
A qualidade literária dos textos de José Augusto Carvalho, comprovada em seus livros anteriores (O suicida e outras histórias curtas e Contraponto), novamente se apresenta ao leitor neste livro – Erotismo frustrado. Todos os contos (26) são precedidos por epígrafes e ditados, o que demonstra o vasto repertório do autor, e soam, uns como prenúncios à narrativa e outros aparecem no enredo como recurso persuasivo do narrador. Os neologismos em muitos contos deste livro não são criados ao léu, por acaso, estão no contexto da narrativa, dão ritmo à leitura e ao leitor cabe dar novos significados a eles.
O SUICIDA E OUTRAS HISTÓRIAS CURTAS
Um motorista preconceituoso que se diz sem preconceitos; um marido que desconhece ser traído e castiga duramente o filho por sabê-lo traído; uma adolescente que sonha sair e namorar, mas é impedida pelo machismo do irmão e do pai; uma criança desprezada pelos pais que choram o filho morto; um bêbado que exige ser tratado com dignidade são algumas das histórias aqui contadas. Em todas, no entanto, o autor brinca com a linguagem e surpreende o leitor com achados linguísticos que mostram a versatilidade da língua portuguesa que falamos e amamos. Em suma, um livro de contos quase todos premiados em concursos de âmbito nacional que certamente encantarão o leitor, senão pela trama, ao menos pelas tiradas linguísticas que divertem e instruem.
KU + 33 OUTROS TRENS
J. B. Souza Freitas
Sinopse: A versatilidade de José Benedito de Souza Freitas, rara em nossa literatura, produz poemetos sabor tutti-frutti, com suas aliterações, assonâncias e rimas. Os contos relâmpagos e os "causus" vividos e sofridos, alguns deles, assemelham-se a aventuras oníricas por não parecer coisa do mundo real. No final, quando o antirromance deságua no oceano e se choca com as ondas da maré-alta, o cronista já não é mais o "poeta" cordial e iluminado. Abandona o José e o Benedito. Assume de vez a identidade JB de Souza Freitas e esquece as epifanias tropicais. Torna-se um sujeito enfezado e intranquilo que utiliza o nonsense, a ironia e o protesto como armas. A irreverência aprofunda-se com a idade. Ele parece berrar como um alemão da Pomerânia: "É tudo die alte scheisse! " (a mesma merda). A leitura chega ao fim e sentimos que o livro não acabou. Fica a sensação de que sobram infâmias a fustigar.
UM MUNDO CHAMADO BOA NOVA
Edson Messeder
Sinopse: "Um mundo chamado Boa Nova" é essencialmente uma ode à memória. Não apenas àquela memória que cada pessoa normalmente vai construindo ao longo da vida sobre o seu próprio caminhar. Este livro reverencia a memória coletiva de uma cidade, de várias gerações que lá ainda residem ou que se espalharam pelo Brasil, pelo mundo. De maneira leve e com uma veia absolutamente cômica, Edson Messeder reconstruiu lá da França, onde residiu por mais de três décadas, histórias, personagens e cenários da sua pequena Boa Nova, cidade localizada no Sudoeste da Bahia. As 21 crônicas que compõem este livro revelam facetas conhecidas e desconhecidas de pessoas que ajudaram a construir o jeito mui peculiar que os boanovenses têm de ver o mundo e a si mesmos. Uma atmosfera interiorana que, muitas vezes, traz aquele toque surreal da Macondo de "Cem anos de solidão" ou da Giancaldo de "Cinema Paradiso".
CASOS DO ACASO
Flávio R. Kothe
Sinopse: Acasos se conjugam e se tornam destino, com a marca da fatalidade, daquilo que nos afeta a fundo, mas diante do qual somos impotentes. O que não tem remédio, remediado não está. Eu gostaria de ser espírita, para ter a chance de reviver a vida de um modo mais correto, mas nem isso o espírita pode, pois se reencarnar vai viver outra vida, com todos os novos erros que irão aparecer. Dizem que a postura brasileira é "me engana que eu gosto". Se não gosto de ser enganado, não deveria enganar nem a mim nem a outros, mas quantas vezes nos enganamos sem querer? Não adianta fingir, não vou ser melhor do que sou. Também não me torno melhor fazendo de conta que outros são piores. Tenho de conviver com medianidades, a começar pelas minhas. Se as religiões se baseiam no me engana que eu gosto, se atendem a anseios profundos, como o de ser preservado para sempre, é preciso antes ver de onde provém esse nosso desejo, ver que o problema está primeiro em nós, não sendo solução uma crença que não muda os fatos.
SEGREDOS DA CONCHA
Flávio R. Kothe
Sinopse: Em Segredos da Concha, de Flávio R. Kothe, o o eu da narrativa não só é diverso do eu do autor, ele pode não só dispor de aspectos ocultos de sua personalidade como pode até ser sua antítese, aquilo que ele exorcisa ao evocar. ele não só se define por suas circunstâncias, mas elas são inventadas pelo eu que as define. ele como que cresce em algo que ele faz existir. se há eus diversos nos diferentes contos, o eu do autor não é a soma nem o denominador-comum desses vários eus: ele é todos e nenhum.